“Eu” e “Mim” – Você Sabe Usar?

Uma dúvida muito frequente é o uso de eu e mim. Quer aprender de vez a usar esses pronomes?

Então leia o artigo até o fim!

Vou colocar aqui quatro frases, para você completar com “eu” ou “mim” e, no final do artigo, vou dar as respostas.

  1. Não há opinião para ________ dar sobre esse assunto.
  2. Ler é bom para _________.
  3. Nunca houve brigas entre _______ e ela.
  4. Eles perguntaram para _______ o que ______gostaria de fazer se houvesse amizade entre ________ e ela.

Deu tempo? Então vamos lá.

Em primeiro lugar, é preciso saber que eu e mim são pronomes pessoais, ou seja, aqueles que substituem as pessoas do discurso.

Os pronomes pessoais dividem-se em:

  • retos,
  • oblíquos e
  • de tratamento.

A divisão em retos e oblíquos baseia-se na função sintática que eles exercem na frase e é isso que causa confusão.

A diferença é que “eu” é um pronome pessoal do caso reto e “mim” é um pronome pessoal do caso oblíquo.

Vamos relembrar?

Aqui abaixo, está uma tabela com os os pronomes pessoais do caso reto e do caso oblíquo que, inclusive são divididos em átonos , os que não são regidos por preposição e os tônicos, os que são regidos, obrigatoriamente, por preposição.

Repare que eu destaquei os pronomes “eu” e “mim”. Você está vendo que “eu” é um pronome pessoal do caso reto que são eu, tu, ele, nós, vós, eles. E “mim” é um pronome oblíquo tônico.

Note também que temos dois tipos de pronomes oblíquos, os átonos (me, te, se, nos, vos, o, os, a, as, lhe, lhes) e o oblíquos tônicos ( mim, comigo, ti, contigo, si, consigo, nós, conosco, vós, convosco, ele, eles, ela, elas).

Na língua culta, como eu falei, só os pronomes oblíquos tônicos aparecem regidos por preposição.

Por isso, as formas nós, vós, ele, eles, ela, elas, que estão  nas duas colunas, são oblíquos tônicos quando regidos de preposição.

Por exemplo:

Ela comprou um livro para nós.

Em que nós é pronome oblíquo.

Ou em “Eu me referi a ele”.

Em que ele é pronome oblíquo.

Como eu mencionei, o uso desses pronomes está condicionado à função sintática deles na frase.

Os pronomes do caso reto funcionam como sujeito das orações, por isso são chamados de pronomes subjetivos como ocorre na frase:

Esse bolo é para eu fazer.

Em que “eu” é sujeito do verbo fazer na segunda oração. Afinal sou “eu” quem vai fazer o bolo.

Mas professora, estou vendo a preposição “para” aí.

Pois é, só que a preposição “para” está regendo o verbo “fazer” e não o pronome, afinal você pode usar apenas “para fazer” como em esse bolo é para fazer, você só coloca o pronome se quiser para indicar quem vai fazer o bolo, como em ” esse bolo é para eu fazer ou esse bolo é para ele fazer.

Os pronomes pessoais retos também podem funcionar como predicativo do sujeito, como ocorre na frase “Eu sou eu”, em que o primeiro “eu” exerce a função de sujeito é o segundo “eu” funciona como predicativo do sujeito, já que se refere ao sujeito.

Já os pronomes oblíquos tônicos, entre eles o “mim” funcionam, geralmente, como complementos. São aqueles que precisam de preposição.

Ela fez o bolo para mim.

Em que “ela” é o sujeito da oração e “mim” é o complemento, pois recebe a ação, ou seja, o bolo é para mim.

Agora, preste bastante atenção na seguinte construção:

Ela comprou o livro para eu ler.

Note que temos duas orações: a primeira oração é “Ela comprou o livro” em que o sujeito é Ela.

A segunda oração é “para eu ler”, em que o sujeito é o pronome do caso reto “eu”, afinal “Eu” é que vou ler.

Agora, há um caso que até as pessoas mais cultas têm  dúvidas.

O certo é dizer:

Há amizade entre eu e ele  ou

Há amizade entre mim e ele?

O certo é entre mim e ele.

Achou estranho?

Pois é muito simples, como eu já disse, o pronome “eu” só pode exercer duas funções na oração, pode ser sujeito ou predicativo do sujeito e, nessa oração não é uma coisa nem outra.

Preste atenção no verbo da oração, é o verbo haver, e, quando o verbo haver está no sentido de existir, ele é um verbo impessoal, ou seja, não se refere a nenhuma pessoa do discurso, por isso dizemos que essa  é uma oração sem sujeito.

Portanto, como não tem sujeito  e o pronome pessoal “eu” só pode ser sujeito, o correto é dizer entre mim e ele. 

Às vezes, o sujeito já está bem explícito e, nesse caso, só nos cabe usar mim.

Olhe este exemplo:

Entre mim e ele existe amizade. Em que amizade é o sujeito da oração, afinal, o que existe? Amizade.

Agora quero ver se você respondeu corretamente às frases dadas no início do vídeo.

Aqui estão as quatro frases. Vamos às respostas?

1. Não há opinião para eu dar sobre esse assunto ( essa foi fácil, pois eu é que não vou dar a opinião, portanto é sujeito)

Agora a segunda.

2. Ler é bom para mim. ( essa também foi fácil não é? Pois, como já há um sujeito na oração, a palavra “ler”, que nesse caso é um substantivo e indica o ato de ler, só se pode usar “mim”.

Vamos à resposta da terceira

3.Nunca houve brigas entre mim e ela. Note que é uma oração sem sujeito, já que o verbo haver está no sentido de existir, portanto só nos cabe usar entre mim e ela.

Por último, a quarta frase.

4.  Eles Perguntaram para mim o que eu gostaria de fazer se houvesse amizade entre mim e ela. ( Note que, como já há um sujeito na primeira oração, que é eles, foram eles que perguntaram só nos cabe usar “mim”.

Na segunda oração o sujeito é o pronome “eu”, pois eu gostaria de fazer. E na terceira oração do período, o verbo haver que é impessoal, indica uma oração sem sujeito, portanto só podemos usar entre mim e ela.

As duas últimas deram mais trabalho não foi?

Se tiver dúvidas, assista ao vídeo que está no meu canal do youtube https://youtu.be/-QkLCmQBfNs , com bastante calma, pois está tudo bem explicadinho.

Então é isso, nunca use Isso é para mim aprender, fale e escreva corretamente, Isso é para eu aprender.

Só não vá dizer que  “para mim fazer”, “para mim dizer” é coisa de índio, como muitos ensinam por aí, isso é muito preconceituoso, pois sabemos que muitos índios não têm acesso à educação, por isso, não podemos cobrar deles o uso correto da língua portuguesa.

Gostaram das explicações?

Então comecem a usar corretamente esses dois pronomes.

Um grande abraço da professora Teresa.

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